Então... Outro dia, ou melhor outra noite, a Beatriz cismou que queria tomar banho. Ok! Que legal! Ela gosta de tomar banho! Na verdade tudo isso seria realmente bem legal se a moçoila já não estivesse de fraldinha pra dormir, não tivesse tomado sua mamadeira e não tivesse feito todos os rituais que precedem uma deliciosa noite de sono... Mas ela cismou, e cismou e cismou. Eu conversei, expliquei, mas nada... Ela queria tomar banho e ainda me disse que se eu não desse banho nela, ela ficaria triste comigo, e para ajudar o pai ainda fala:
- Dá um banhozinho nela, Beth.
E lá vou eu dar banho na pequena. ERRO! Cedi às chantagens... No dia seguinte, estava frio e eu a vesti com uma meia-calça e a calça do uniforme para ela ir à escola. Este tempo maluco nos brindou com um belo sol na hora em que estávamos saindo de casa. Eu disse pra ela:
- Beatriz se você sentir calor na escola, pede pra tia tirar sua meia-calça.
Ela: - Não mãe, maix eu quelo ir de xaia!
Eu: - Beatriz nós já estamos atrasadas e eu não vou trocar sua roupa. Vamos!
Ela: - Maix eu quelo ir de xaia. Se voxê não colocá minha xaia, eu não vou andá e nem voxê vai andá! Aí ninguém vai pá ixcola!
Eu: - Tudo bem! Eu vou andar, porque eu ando com as minhas pernas e você não precisa andar, porque você vai no colo.
Dei um beijo nela, a coloquei no sling e fomos. Ela não fez pirraça nem nada, só deu um resmungo.
- Então tá, maix amanhã eu vô di xaia!
Eu concordei e ficamos bem.
Agora a de domingo foi a "PIOR"! Já estava tarde, eu tomei banho e perguntei se ela queria tomar um banhozinho para dormir. Ela estava assistindo "Ratattouile" com o pai dela e nem olhou pra minha cara, só disse que não e fez que não com o dedinho. Eu perguntei se ela tinha certeza e ela respondeu que sim. Ok! Tudo certo! Fizemos todo o ritual noturno (mamadeira, escovar dentes, tomar a homeopatia, fazer xixi, colocar a fralda e ainda passar pomada nas milhares de picadas que um mosquito idiota deu nas perninhas dela. :(). Quando eu deitei do lado dela, adivinha?!?!?!?!?
- Mãe, quélo tomá banho!
Ah, mas nem pensar que eu ia dar banho nela! Eu tinha perguntado, e ela tinha dito que não queria tomar banho, pôxa! Bem não foi simples dizer não, foi mais de uma hora de chantagens:
- Si voxê não mi dé banhu, eu também não vô ti dá banhu... Xi voxê mi dé banhu, eu dô banhu em todo mundo... Xi voxê não mi dé, também não vô dá em ninguém: não vô dá em voxê, não vô dá nu meu pai, não vô dá no Kalú, nem no Flapo.
Deitei do lado dela: "Mas filha, eu perguntei e você disse que não queria... Eu já coloquei sua fraldinha, sua perna já está cheia de pomada..."
Ela: - Também não vô durmi com voxê, vô ficá coladinha com o meu pai!
Eu: - Tá bom, então eu vou dormir lá na sala, tchau!
E fui pra sala.
Daqui a pouco o M. me chama, quando cheguei no quarto ele:
- Beth, a Beatriz falou para eu desligar o ventilador para ela suar muito e você ter que dar banho nela!
Eu respondi que não ia dar e voltei pra sala. Daqui a pouco lá vem ela, com a mesma história que se eu desse banho nela, ela daria em todo mundo, que se eu não desse, ela também não daria em ninguém... Eu voltei para o quarto e a chamei, ela:
- Não vô durmi! Vô ficá aqui na xala, no ixculo até di manhã!
Fui para o quarto. Dois minutos depois vem ela com a mão na cintura:
- Hã! Só vim aqui vê a hola qui voxê vai me dá banhu! Hã!
Eu já deitada e ela em pé: uma mão apoiada no guarda- roupa, a outra na cintura e o pezinho batendo no chão (a típica imagem desafiadora das "barraqueiras").
- Hã! Só vim aqui vê a hola qui voxê vai me dá banhu! Hã!
Eu e o M. tentando prender o riso, apesar da situação ser um pouco estressante, estava muito engraçada, mas a gente não podia rir, né? A chamei com toda a paciência do mundo, a deitei na minha barriga, conversei, fiz carinho e disse que não daria banho nela. Ela estava cheia de sono, mas não desistia fácil, saiu da minha barriga, se agarrou no pai e disse que não dormiria comigo. Desliguei a tv e fiquei mexendo na internet no celular, ela se agarrou no meu pescoço, e só deitou direitinho para dormir, quando desliguei o telefone também... Enfim dormiu, sem banho.
Durante todas as manifestações de "aborrecimento" dela, confesso que tive muita vontade de dar banho nela, não me custaria nada. Mas ela como criança tem que saber, que nem sempre nós (não só nós, os pais, mas todas as pessoas que conviverão com ela durante a vida) faremos as vontades dela, nem sempre iremos fazer concessões. Foi uma banalidade? Até foi! Mas apesar de todo o meu peso na consciência por vê-la chorar, de correr o risco de deixá-la triste comigo, senti que não deveria ceder naquele momento. Até porque, parece que ela aprendeu a fazer chantagem e tudo agora é assim:
- Xi voxê não fizé ixu, eu também não vô fazê! Xi voxê fizé ixu, eu também vô fazê!
Ai, ai... Ser mãe... Agora ela acabou de acordar e está aqui abraçadinha comigo. :D Não há nada melhor!
* E já combinamos que agora vou dar banho nela todas as noites, para ela dormir bem "relax".
- É por causa da bliga, papai! Pla não tê maix bliga!
2 comentários:
Olá!! não pude negar que li sua postagem rindo..rsrs nossa como sua filha é esperta!!!!
Vc faz muito bem de não ceder em todas as horas..
Beijossss
Bem miga Beth...parece que afinal a piolha cresceu mesmo e que tà uma PERITA em chantagens!!hehehehehe
Eu imagino o ar de sacanita dela a abanar o pé !!!Tou mijada de tanto me rir!!!!
beijinhos
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